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Tema do evento

“La Patria Gaucha: Uma frotera que no separa sino que une”

“Campeando um rastro de glória Venho sovado de pealo

(...) Eu sei que não vou morrer

Porque de mim vai ficar O mundo que eu construí

O Meu Rio Grande Meu Lar(...)”

 

                  Estes belos versos escritos pelo grande Nico Fagundes e seu irmão Bagre Fagundes, gaúchos de Alegrete, e eternizado nas vozes de toda a família Fagundes para todo o Rio Grande, nos remete à glória que envolve esta terra, que como diria o saudoso Teixeirinha, esta Querência tão amada.

 

              Terra esta, marcada por lutas e guerras desde o momento de sua ocupação, ora por portugueses, ora por espanhóis. Como muitos já devem saber o  povo gaúcho não é somente aquele, que habita o Rio Grande, mas el Gaucho é todo o vivente que nasceu e reside en La Patria Gaucha, composta pelo Rio Grande, Uruguai e Argentina. Nesta pátria, marcada por fronteiras e disputas, viveu um povo honrado, calado, de longos silêncios e períodos de solidão. A história do Gaucho, se confunde para nós com a história do Rio Grande, com a Guerra dos Farrapos, com as constantes batalhas do Prata e com a Guerra do Paraguai. Isto por que liderados por grandes generais e coronéis, detentores das terras, estavam os verdadeiros heróis, estavam os peões, os bugres e os negros.

                 

                  E é desta gente que iremos tratar neste evento, daqueles que vivem  o Pampa, que fazem La Patria Gaucha, Oliven (1992) fala da peculiaridade da região, este livro falando apenas do Rio Grande, sempre marcada por guerras e lutas, o que acabou por definir as características também de seus habitantes. Neste ponto da característica do povo gaúcho, o autor faz um outro resgate, o da origem do gaúcho, este que foi “remodelado” ao longo dos anos, pois o gaúcho antes era visto como um homem sem muitas regras, aventureiro, meio guasca, aquele descrito por José Hernández nos livros de poemas “El gaucho Martin Fierro”. E posteriormente lhe foi atribuído as honras de homem ético, batalhador, calado, justo e guerreiro. Sobre El Gaucho Martin Fierro, alí talvez esteja a exemplificação do habitante da Pátria Gaucha.Martin Fierro, de José Hernandez, é considerado a 'Biblia dos Gauches', povo dos pampas argentinos, um povo cheio de histórias, de maneirismos, carácter próprio e música, que se assemelham muito ao nosso caipira, com suas lendas e conduta correta, perante a vida, os homens, a miséria, a colheita... a mulher... Com suas canções que assentuam sua maneira firme de ser...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                  Estes versos extraídos do livro de José Hernández servirão de orientação ao tema deste evento, que procurará evidenciar a característica do gaúcho/gaucho peão de estância, bravo soldado sim, simples, do bugre, bom domador de cavalos, do negro, bravo lanceiro farrapo.

 

"No me hago al lao de la güeya
aunque vengan degollando;
con los blandos yo soy blando
y soy duro con los duros,
y ninguno en un apuro
me ha visto andar tutubiando.


En el peligro qué Cristo!
El corazón se me enancha.
pues toda la tierra es cancha,
y de esto naides se asombre:
el que si tiene por hombre
donde quiera hace pata hancha


Soe gaucho, y entiéndanló
Como mi lengua lo esplica:
para mi la tierra es chica
y pudiera ser mayor;
ni la víbora me pica
ni quema mi frente el sol.


Nací como nace el peje
en el fundo de la mar:
naides puede quitar aquello que
Dios me dió:
lo que al mundo truje yo
del mundo lo he de llevar."


"Não saio fora dos trilhos
nem que venham degolando;
c'os brandos sou sempre brando,
e sou duro com os duros,
e ninguém, noutros apuros,
me viu andar titubeando.


Ante o perigo — por Cristo! —,
meu coração não remancha:
qualquer chão p 'ra mim é cancha;
e nisso sentido tomem:
quem se tenha por bem homem
faz pé firme e não se plancha.


Sou gaúcho! — Entendam bem
como meu canto o explica:
a terra ante mim se achica
e pudera ser maior;
nem a víbora me pica,
nem me queima a fronte o sol.


Nasci como nasce o peixe
nas profundezas do mar;
ninguém me pode tirar
aquilo que Deus me deu:
o que aqui tenho de meu,
do mundo o hei de levar."

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